As locomotivas da série E200 da CP

Construídas pela Henchel & Sohn

As locomotivas a vapor da série MD 451-466, mais tarde CP E201-E216, entraram ao serviço dos Caminhos de Ferro do Estado – Divisão do Minho e Douro, entre 1911 e 1923.

A aquisição das 16 máquinas a vapor para a Divisão do Minho e Douro surgiu, não só pela necessidade de dar resposta à expansão da rede ferroviária de via estreita da região de Trás-os-Montes, como também dotar e reforçar a frota existente com locomotivas de maior potência e adaptadas aos difíceis perfis dos traçados.

Construídas pelo fabricante alemão Henchel & Sohn, as primeiras quatro locomotivas foram entregues em 1911 e as restantes em 1913 e 1923. Completava-se aquela que veio a ser a nova série MD 451 a 466. À medida que iam sendo entregues, as locomotivas a vapor foram distribuídas, sobretudo, pelas linhas do Sabor e Corgo. No entanto, uma parte da frota seguiu para a Linha do Tâmega enquanto que algumas unidades foram cedidas à Companhia do Vale do Vouga.

A integração dos Caminhos de Ferro do Estado na Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses em 1927 trouxe alterações na gestão e exploração da rede de via estreita em Portugal. A Linha do Tâmega foi concessionada à Companhia dos Caminhos de Ferro do Norte de Portugal, enquanto que as linhas do Sabor e Corgo passaram a ser exploradas pela Companhia Nacional dos Caminhos de Ferro.

No entanto, a distribuição geográfica da frota de locomotivas manteve-se praticamente inalterada. O mesmo veio a acontecer a partir de 1947, quando a Companhia dos Caminhos de ferro Portugueses passou a gerir e explorar a totalidade da rede ferroviária nacional (à exceção da Linha de Cascais). Ao integrarem o parque de locomotivas da CP, a série foi renumerada passando a ser CP E201-E216, com a letra “E” a referir-se às máquinas de via estreita.

Até meados dos anos 70 do século XX, grande parte da frota estava em serviço comercial nas linhas do Corgo, Sabor e Vouga. Com a introdução da tração diesel na rede de via estreita, foram progressivamente perdendo destaque. O último reduto desta série de locomotivas foi a Linha do Sabor, tendo saído definitivamente de serviço em finais dos anos 80.

A série CP E201-E216 da CP está também associada a importantes momentos da ferrovia em Portugal. A locomotiva a vapor CP E207 tracionou, em 1949, o primeiro comboio com destino a Arco de Baúlhe na Linha do Tâmega, enquanto que a E214 inaugurou, em 1938, o troço final da Linha do Sabor, entre Urrós e Duas Igrejas.

Atualmente, a locomotiva a vapor CP E203 integra a exposição permanente do Núcleo Museológico de Chaves do Museu Nacional Ferroviário, enquanto que a E214 se encontra operacional e a tracionar o Comboio Histórico do Vouga.